sereis minhas testemunhas

Jerusalém, Jerusalém, tu que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados…

Ai de ti que cegastes e não vistes o teu Rei! Tu que saltas entre os montes.

Era tarde e o sol se escondia entre os cumes das montanhas, mas seus fortes raios cruzavam pelo céu ofuscando nossas lentes, haviam muitas vozes, todos estavam curiosos para conhecer Jerusalém.

No meio do deserto de areia e pedras despertaram beduínos com seus rebanhos e tendas, eram muitos, como sobrevivem?

Ao passo que nos aproximávamos, o som das vozes foi-se esvaindo…. um silêncio inexplicável contagiou-nos, estávamos na entrada da cidade, surgiu de repente no céu, uma revoada de pássaros, como andorinhas, era como milhares, não estavam soltos, era um grande grupo que veio nos saldar numa dança linda e uníssona, exalando a majestade do seu criador.

Os guardas em seus portões ameaçavam temores antes não sentidos, lembrei-me da ingratidão e escuridão com o meu Senhor.

Ah, Jerusalém, que resiste aos tempos e firmas seu império pelos séculos, aí está com seus muros de histórias e testemunhas do maior marco do relógio da humanidade. Quisera eu, vivenciar os teus feitos pelas vielas apertadas dentre as multidões.

Por ali, um homem carregou uma pesada cruz garantindo um legado inigualável por mim e por você. Suas feridas e seu sangue ali derramados não sucumbiram o propósito, nem mataram a coragem de resistir até ao Gólgota, os degraus infindáveis não aliviaram o Mestre, antes pesaram em seus buracos desestabilizando o andar firme daquele que caminhou sobre as águas.

Para ele fizeram coroa de espinhos e seus açoites e espadas não tiveram métricas para balancear a força dos soldados que imaginavam fazer justiça para livrar o povo de um malfeitor que atravessou a lei dos guardiões dos mandamentos desde Moisés.

Fariseus e saduceus, rabinos cravados no tempo e na passagem contada em gerações, guardaram seus ouvidos e ações no monte Sinai e se perderam no deserto dos 40 anos!

De onde veio Maná e codornas? Coluna de fogo à noite e nuvens de dia? Águas que se abrem repetidas vezes por cajados e mantos? Azeite que não acaba?

Mal se lembram das promessas sob o jugo da opressão dos outros 400 anos, dai ouvidos aos profetas que venceram reis, leões e fornalha! Dai ouvidos ao que morou por 3 dias no ventre de uma baleia no meio do mar! Dai ouvidos ao que clama na entrada da cidade e apregoa tempos difíceis! Dai ouvidos ao que alerta para permanecer firmes, ainda que a figueira não floresça e nem haja frutos na vide….

A promessa da virgem que conceberá e dará à luz um menino, e seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz! A promessa de que ele levará sobre si as nossas dores, que será pendurado no madeiro…

Eis aqui está uma Jerusalém que não traz à memória a essência da vida, jazem seus tijolos sobrepostos em monumentos fincados em inúmeros momentos de milagres, cegos veem, surdos ouvem, paralíticos andam, demônios são expulsos, pecados são perdoados, curas sobrenaturais são vindas ao toque da orla do seu manto… uma só palavra e despertam do sono: vem para fora, levanta-te!

Abrem-se oh portas e portões, para que entre o Rei da Glória, quem é este Rei da Glória, o Senhor forte poderoso, poderoso nas batalhas, ele é o Rei da Glória! Os grandes ferros e ferrolhos de suas travas se abriram para expulsar aquele que estava ali para entrar e transformar vidas, mostrando um caminho ainda mais excelente, ligando ramos à arvore que produz bons frutos.

Diante da muralha e dos imponentes portais, me pego assaltada por uma dor única, sem palavras, lágrimas… momentos de angústia, com um sentimento generoso a clamar por aqueles que tiveram o intercessor dizendo: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.

Uma esponja de vinagre foi a recompensa a quem milhares alimentou em multiplicação de pães e peixes, uma espada ultrapassou aquele que sentenciou a atirar pedras quem não tivesse pecados, e ele também não condenou. Suas parábolas fizeram seguidores e sua existência fortaleceu perseguidores.

Felizes aqueles que ao seu lado viveram, aprenderam e escreveram para nós, o alicerce deste estandarte seja forte e destemido, aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para vossas almas.

O céu escurece, a terra se abre… Oh, morte onde está sua vitória? Oh, morte onde está o seu aguilhão? Uma pedra que rola, um pano sobre outra pedra… Onde está o meu Senhor? A morte venceste, o véu rompeste, a tumba vazia e uma voz no jardim… desde a criação à fé de Maria: Paz seja convosco! Da mesma forma que vistes subir, há de descer, ficai até que do alto sejais revestidos de poder…

e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém… e até aos confins do mundo!